Drª. Maria Regina Sversut Briante
Médica Infectologista
O vírus linfotrópico T humano (HTLV) é um retrovírus que infecta as células do sistema imune (TCD4). É um vírus muito parecido com o vírus do HIV, no que se refere à sua composição molecular (retrovírus), à sua forma de transmissão (fluidos corporais, especialmente pelo sangue e via sexual) e pelas células que têm trofismo/ preferência (células do sistema imune - linfócitos TCD4). Porém, o HTLV apresenta um espectro de doenças e uma forma de evolução diferente do HIV, especialmente pelo fato de que o HTLV não induz a morte de células T, mas causa proliferação e transformação celular.
Estima-se que infecte 10 a 20 milhões de pessoas em todo o mundo, conforme estimado por estudos de soroprevalência. No entanto, apenas aproximadamente 5% das pessoas que têm a infecção pelo vírus, irão desenvolver alguma doença.
Este vírus é considerado o patógeno humano mais oncogênico e é o agente causador de duas doenças tipicamente fatais: leucemia-linfoma de células T do adulto (LTA) e mielopatia associada ao HTLV-I, que é também conhecida como paraparesia espástica tropical.
Além destas, mais raramente, outras doenças também podem se manifestar, como por exemplo uveíte (inflamação ocular da úvea), síndrome de Raynaud, síndrome de Sjogren (olhos e boca seca), polimiosite, alveolite pulmonar linfocítica, dermatite infecciosa (erupção cutânea eczematosa e exsudativa que afeta couro cabeludo, região pós-auricular, face, axilas e virilha) e outras anormalidades neurológicas (déficits cognitivos leves isolados, neuropatia periférica, disfunção neurogênica da bexiga e esclerose lateral amiotrófica).
São sintomas indicativos de doença neurológica:
Nos quadros de leucemia e linfomas, os sintomas mais comuns são:
Principalmente pela amamentação, embora também possa ocorrer pela transfusão de sangue, compartilhamento de agulhas e relações sexuais
O diagnóstico pode ser feito por meio de testes sorológicos para detectar anticorpos contra o vírus (teste de ELISA para triagem e Western blotting para confirmação) ou por testes moleculares, pela detecção do DNA proviral no sangue ou líquido cefalorraquidiano.
O HTLV não tem cura e, muitas vezes, os pacientes que são infectados com o vírus não apresentam sintomas. No entanto, as doenças que comumente surgem no indivíduo em decorrência de uma infecção desse vírus podem ser tratadas com a ajuda de um médico, por meio do uso de determinados medicamentos.