DENGUE

A dengue é endêmica no Brasil, o que significa que está presente no país durante todo o ano, com algum período de sazonalidade, com maior quantidade de casos nos períodos mais quentes e chuvosos, onde há maior reprodução do mosquito transmissor, e portanto um maior risco de aumento de casos fora do esperado para aquela época, levando a quadros de epidemias.

Os casos de dengue em 2024 mais que triplicaram, em relação ao início de 2023 no Brasil, sendo que nos quatro primeiros meses de 2024 foram computados 3.852.901 casos prováveis de dengue registrados. Este número representa mais que o dobro de casos prováveis da doença identificados ao longo de todo o ano passado, que foi de 1.649.144. Dados indicam ainda 1.792 óbitos confirmados por dengue em 2024.

A dengue é uma doença causada por um vírus, que é transmitido por um mosquito e causa quadros febris agudos sistêmicos, com uma ampla variedade de sintomas, podendo variar de casos assintomáticos, quadros leves com sintomas bastante inespecíficos a quadros mais graves podendo inclusive levar ao óbito. De fato, em sua forma hemorrágica a dengue está entre os vírus mais mortais do mundo.

Os sintomas geralmente aparecem entre 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado.

Sintomas que geralmente estão presentes:

• - Febre alta, de início súbito, com duração de 2 a 7 dias.

• - Dor de cabeça.

• - Dor atrás dos olhos.

• - Fraqueza.

• - Dores musculares e nas articulações.

• - Falta de apetite. 

• - Sintomas gastrointestinais (náuseas, vómitos e diarreia).

• - Exantema (manchas avermelhadas bem pequenas)

  • - presente em quase metade dos casos;

  • - às vezes associado à coceira;

  • - costuma aparecer alguns dias após o início do quadro ou quando a febre começa a diminuir;

  • - afeta a face, o tronco e os membros, incluindo a palma das mãos e as plantas dos pés.

Para a grande maioria dos pacientes a doença evolui sem maiores complicações e, logo após o desaparecimento da febre, a melhora ocorre progressivamente, sendo que o período de convalescença (processo gradual de recuperação, onde pode ainda haver sintomas leves), pode variar de dias a semanas, dependendo do subtipo do vírus e das condições específicas de cada paciente.

No entanto, para as pessoas que evoluem com complicações, as mesmas costumam a aparecer entre o 3° e 7° dia do início dos sintomas. É nesta fase que se deve ficar atento aos sinais de alarme!!

Sinais de alarme da dengue:

• - Dor abdominal  intensa e contínua.

• - Vômitos persistentes.

• - Hipotensão postural ou tonturas.

• - Acúmulo de líquidos pelo corpo.

• - Sonolência excessiva.

• - Irritação.

•  - Diminuição do volume da urina.

• - Hipotermia.

• - Desconforto respiratório.

• - Sangramentos em qualquer local do corpo (vômitos, fezes, gengivas e nariz).

Algumas pessoas que irão evoluir para formas graves podem não apresentar sintomas de gravidade em um primeiro momento, mas um simples exame de hemograma já mostra a evolução para esta fase mais crítica, tornando possível tomar atitudes antes de evolução para complicações.

Por isso é importante o acompanhamento médico desde o início dos sintomas, com a realização de exames entre o 3° e 7° dias de doença, mesmo que a febre já tenha cedido e os sintomas já estejam em melhora. 

Existem 4 tipos diferentes de dengue (sorotipos DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4). A infecção por um tipo de vírus confere imunidade específica através de anticorpos apenas para aquele vírus pelo qual a pessoa se infectou, mas não contra os demais, por isso a pessoa pode adquirir dengue até 4 vezes na vida. Apesar de poder ocorrer complicações na primeira infecção da dengue, nas infecções subsequentes o risco de se ter quadro grave é maior!!

Para a dengue, ainda não há um tratamento específico contra o vírus. No entanto, há medicamentos que podem ser feitos para aliviar os sintomas e, na maioria das vezes, a hidratação (via oral ou endovenosa) é a maneira mais eficaz de prevenir a evolução para casos graves, no entanto esta hidratação venosa deve ser orientada pelo médico, baseado nos sinais e sintomas e nos exames de sangue.

Por isso, todas as pessoas que apresentam sintomas sugestivos de dengue, devem ser acompanhadas por um médico, pois a partir dos sinais e sintomas que o paciente apresenta e do resultado dos exames de sangue, especialmente das plaquetas e hematócrito, o médico irá indicar o melhor tratamento, podendo ser ele hidratação apenas oral em casa ou hidratação venosa por um dia e reavaliação no dia seguinte, internação para hidratação venosa e acompanhamento mais de perto, necessidade de transfusão de plaquetas, dentre outros.

Devem ser evitados o uso de Anti-inflamatórios, corticoides e ácido acetilsalicílico (AAS);

Sim! No Brasil temos disponíveis duas vacinas: a DENGVAXIA (laboratório Sanofi Pasteur)  e, a mais recente, QDENGA (laboratório Takeda).

As duas vacinas utilizam a tecnologia de DNA recombinante, em que genes dos diferentes sorotipos do vírus da dengue são inseridos na estrutura genética de um vírus atenuado. A diferença entre as vacinas está no vírus atenuado utilizado como estrutura genética de “base”: a Dengvaxia usa o vírus vacinal da febre amarela, e a QDenga® usa o próprio DENV-2 atenuado.

Ambas são vacinas seguras e os efeitos colaterais mais comuns são: dor e vermelhidão no local da infeção, dores musculares, fraqueza, febre.

Ambas têm proteção de > 90% contra quadros graves e ambas protegem contra casos leves a moderados da doença.

Veja abaixo algumas diferenças entre as vacinas:

DENGVAXIA (laboratório Sanofi Pasteur)

• - Tem cerca de 65% de eficácia para doença sintomática; 79% para dengue grave; 93% para dengue hemorrágica e mais de 80% para internação.

  - Via subcutânea;

  - Esquema com 3 doses, com intervalo de 6 meses

  - Pode ser dada para crianças a partir de 6 anos de idade até 40 anos de idade.

  - A pessoa antes de se vacinar precisa ter uma sorologia positiva para a dengue para poder vacinar, independente se já teve dengue com sintomas ou não.

QDENGA (laboratório Takeda)

• - Tem eficácia de cerca de 63% para doença sintomática de qualquer gravidade e 85% para internação;

  - 2ª vacina contra a dengue disponível no país;

  - Via subcutânea;

  - Esquema com 2 doses, com intervalo de 3 meses;

  - Podem se vacinar pessoas com idade entre 4 a 60 anos, independente do histórico sorológico prévio de dengue.

Contraindicações para ambas as vacinas:

• - Alergia grave (anafilaxia) a algum dos componentes da vacina;

• - Gestantes;

• - Mulheres amamentando;

• - Imunodeficiências primárias ou adquirida, incluindo terapias imunossupressoras;

• - Pessoas que vivem com o vírus HIV, sintomáticas ou assintomática, quando acompanhado por evidência de função imunológica comprometida.

• Importante: A Dengvaxia® também é contraindicada para pessoas sem contato prévio com o vírus da dengue (soronegativos).